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Análise: vitória do Atlético-MG ficará marcada em jogo finalizado no sacrifício e em contexto bizarro

Jogo contra o América de Cali foi em uma Barranquilla com barulho de bombas em conflito entre manifestantes e polícia, com gás lacrimogêneo invadindo campo e forçando cinco paralisações

Publicada em 14/05/21 às 08:04h - 181 visualizações

GE - Fred Ribeiro


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Análise: vitória do Atlético-MG ficará marcada em jogo finalizado no sacrifício e em contexto bizarro
 (Foto: GE)

Qual é o efeito do gás lacrimogêneo? A minha experiência, do repórter que escreve esse texto, é a pior possível. Metrô lotado, voltando do Maracanã, em um jogo do Flamengo. Uma confusão em um vagão distante, e a Polícia tentou apartar com aquele spray diabólico. A onda veio. De repente, invisível, uma ardência assustadora.

Saindo do relato pessoal para os relatos de quem esteve em Barranquilla nessa quinta-feira. "Foi a pior coisa da minha vida", disse o lateral Guga. O Atlético-MG venceu o América de Cali por 3 a 1, na Libertadores, fora de casa, e se classificou às oitavas de final. Mas é impossível não falar das circunstâncias bizarras, inacreditáveis em que se deu o jogo.

O conflito na Colômbia não era novidade, muito menos em Barranquilla. Na noite anterior, Junior e River Plate sofreram com o gás lacrimogêneo da polícia local, usado contra manifestantes que tomam as ruas contra medidas do governo colombiano. O duelo do Galo com o América de Cali foi transferido de uma zona conflituosa (Bucaramanga) para outra, sem sentido.

Jogadores do Atlético sofrem com gás lacrimogêneo — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG

Jogadores do Atlético sofrem com gás lacrimogêneo — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG

O próprio técnico Cuca, que trouxe uma visão diferente da atuação do árbitro diante da situação, já havia alertado para a falta de bom senso da transferência: "A Conmebol decreta e você precisa acatar". O primeiro tempo no estádio Romélio Martínez, enquanto bombas estouravam do lado de fora, teve 61 minutos e 45 segundos de duração. Foram quatro paralisações, com direito a jogadores abandonarem o campo de jogo.

O gás invadia o estádio, aberto em todos os lados. E logo entravam nas vias aéreas dos jogadores e comissões técnicas. O atacante Hulk, autor do primeiro gol, chegou a cair dentro de campo por conta da situação de pura falta de segurança, até mesmo sanitária. Um ambiente insalubre para a prática esportiva. Andrés Cunha, o árbitro da partida com poder de paralisação e até suspensão, assim como o delegado do jogo, o colombiano Juan Alejandro Hernández, evitaram ao máximo uma medida mais radical.

O ápice veio na reta final do primeiro tempo. Após nova paralisação ser interrompida, os jogadores voltaram pro gramado. A zaga do América de Cali trocava passes infrutíferos, os atletas do Atlético recuaram até o meio de campo, parados, até forçarem o juiz a iniciar o intervalo, que teve duração de quase 25 minutos, gerando um clima de incerteza.

Naquele momento, a razão indicava que o jogo deveria ser suspenso, e o segundo tempo realizado em nova data, em outro local. Mas e o calendário? O do América de Cali não seria problema, está eliminado na Colômbia. O do Atlético precisaria "parir" uma nova data. Mas é uma questão de relevância imensuravelmente inferior à saúde dos atletas.

Everson durante América de Cali x Atlético-MG — Foto: Reuters

Everson durante América de Cali x Atlético-MG — Foto: Reuters

- Pior coisa da minha vida. Não havia condições. Sequer conseguíamos ficar dentro de campo. Ardia tudo: olho, garganta, nariz, tudo. Espero nunca mais passar por isso - disse o lateral Guga, um dos destaques defensivos do Atlético.

O regulamento da Conmebol é claro e prevê situações de crise que possam impactar no desenrolar da partida. Veja o que diz o artigo 5.1.12:

"A interrupção, suspensão e abandono do campo de jogo ou cancelamento da partida são o último recurso possível e somente poderão ocorrer quando houver uma ameaça clara e iminente à segurança dos jogadores, oficiais e/ou público."

Gás lacrimogêneo à parte...

O desempenho do Atlético em campo, assim como o América de Cali, foi diretamente afetado pelo fator externo que invadiu o campo e o corpo dos atletas. O técnico interino dos Diablos, Jerrson González, foi enfático: "Nessas condições, impossível jogar o futebol. Impossível!". O Atlético praticou, venceu com méritos, com grande volume de criação de jogadas e finalizações que precisam melhorar, assim como a contensão de contra-ataques.

Com bom toque de bola e saída rápida pra aproveitar espaços, o time mineiro deu grande trabalho e fez do goleiro Graterol um dos destaques. Logo de cara, o Atlético teve dois ataques anulados por impedimento. O gol ia amadurecendo e veio com Nacho Fernández, um maestro no meio de campo, cruzando para Hulk, que não fez uma partida tão de alto nível como outrora, cabecear.

América de Cali x Atlético-MG  — Foto: Staff Image/Conmebol

América de Cali x Atlético-MG — Foto: Staff Image/Conmebol

Ainda que não estivesse numa noite iluminada, e baqueado pelo gás lacrimogêneo, o camisa 7 foi bastante participativo e lutou. Logo após o gol do artilheiro, entretanto, o Atlético deu espaços principalmente no lado esquerdo. Faltou proteção naquela região e, num combate errado de Junior Alonso, em jogada de rapidez de Moreno (o mais perigoso do América), veio o empate dos colombianos.

O Galo sofreu mais do que devia por esse setor, que carece de uma revisão posicional, já que Guilherme Arana é uma peça ofensiva indispensável, ainda mais com Keno longe de seus dias de brilho no Galo. O América de Cali, bem limitado taticamente, ainda conseguiu acertar a trave no segundo tempo, quando o Alvinegro já estava na frente novamente, após golaço de Arana. Cuca só fez as primeiras substituições depois dos 30 minutos do segundo tempo, quando viu o time perder força de contra-ataque.

Mexeu bem, com Tardelli e Vargas aproveitando vacilo do América de Cali, e o chileno encerrando o jogo com o terceiro gol, em belo chapéu no goleiro após passe milimétrico do camisa 9. Fica a classificação merecida do Atlético, que sobra no grupo e terá dois jogos para carimbar a liderança - Cerro Porteño (fora) e La Guaira (em casa), podendo focar com mais tranquilidade na ida e na finalíssima do Campeonato Mineiro, marcadas para os próximos dois fins de semana.

Eduardo Vargas dá lindo chapéu em Graterol no terceiro gol do Atlético — Foto: Staff Image/Conmebol

Eduardo Vargas dá lindo chapéu em Graterol no terceiro gol do Atlético — Foto: Staff Image/Conmebol

- Iremos com força máxima. Mas a força máxima não significa o mesmo 11 que jogou hoje. Eu irei medir, junto com a fisiologia, com a preparação física, todos que estiverem nas melhores condições. Essa será a força máxima - disse Cuca.

Eduardo Sasha sequer entrou em campo, assim como Alan Franco , Hyoran, Nathan e Marrony, sendo que o último nem ficou no banco de reservas. Tardelli, Réver, Allan, Vargas e Dodô jogaram menos de 20 minutos. O Galo, classificado na Libertadores, vai forte pra tentar o bicampeonato estadual.




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