A expressão evangelho traduzida significa boas novas ou boas notícias. Em uma tradução mais atualizada refere-se à chegada de Cristo ao mundo e todas as implicações que este fato traria. Mas qual o sentido desta expressão em nossa vida? Será que temos sido verdadeiros cristãos transformados pelo evangelho de Jesus? Como, afinal, podemos viver este evangelho em nosso cotidiano?
Quando falamos em evangelho a primeira coisa que nos vem em mente é a história de Jesus Cristo, o Messias que veio ao mundo e representa o caminho da salvação pra todos aqueles que assim creem. Diante de tal interpretação, nada se torna mais efetivo na definição ampla de evangelho do que buscar compreender como o próprio Jesus se expressou aos humanos, como Ele se relacionou conosco e como Ele mudou a vida de homens e mulheres que com Ele interagiram. Esta, sem dúvida, é a definição mais exata de evangelho. No entanto, a experiência religiosa em nossos dias tem demonstrado uma manifestação de "evangelho" que não está contida nas palavras e no comportamento de Cristo, uma expressão que não traduz a estadia de Jesus aqui na terra e vem de encontro à dimensão genuína do termo.
Um primeiro aspecto que podemos abordar do conceito de evangelho trazido por Jesus é o de que evangelho é novidade de vida. Evangelho, neste sentido, seria uma nova forma de pensar, de viver e de se relacionar. Isso significa que antes de Cristo eu era escravo do pecado, vivia uma vida de segregação completa do Criador e entregue à corrupção moral de um homem sem Deus. Mas a partir do evangelho fui religado a Deus e: "Assim, já não vivo eu, mas Cristo vive em mim..."(Gl 2:20).
Evangelho, compreendido no exemplo de Jesus, transmite a ideia de acolhimento, compreensão e amor. Estes pontos têm sido ignorados por muitos daqueles que se dizem seguidores de Jesus, os quais constroem barreiras intransponíveis ao homem pecador. Na visão destes religiosos o evangelho se torna um instrumento de condenação, de distanciamento, de preconceitos e de intolerância. No entanto, tal postura não condiz com a que Cristo adotou ao construir relacionamentos. Diante de uma mulher adúltera, agiu com perdão(João 8); diante da mulher samarintana, promoveu transformação (João 4); diante das sucessivas quedas de Pedro(Mt 14:30, Mc 8:31,32, Lc 22:54, Mc 14:66-75), procedeu com compreensão, amor e acolhimento. A atitude de Cristo diante de Pedro revela muito da forma como Ele olha pra nós, como Ele busca se relacionar conosco, ainda que em muitos momentos sejamos infiéis, um olhar que compreende a natureza humana e suas imperfeições trazidas pela mácula do pecado, porém sem desprezo, rejeição ou repulsa. Esta deve ser a dimensão de evangelho vivida pela Igreja aqui na terra. Uma igreja que despreza não é uma igreja evangélica. Uma igreja indiferente à dor humana não é uma igreja evangélica. Uma igreja distante dos dilemas e dramas sociais não é uma igreja evangélica. Uma igreja que ignora as fragilidades pessoais de um vida oprimida e maltratada não pode ser uma igreja evangélica. Uma igreja que não respeita diferenças e busca somente em si compreender a complexidade da vida em sociedade não há da ser uma igreja evangélica.
Portanto, é nisto que reside o evangelho genuíno de Jesus, e é aqui que é preciso nos situarmos enquanto igreja que um dia irá morar no céu. Até a próxima e que Deus nos abençoe.
